quarta-feira, 19 de março de 2014

Pode gozar, só não chora

Agora, agora, agora, tá vindo, não para, agor...
Pera. Você tá chorando, é isso? Que urro escroto é esse? Por que você tá falando com vozinha de neném? Você não tava gozando? Precisa ser bizarro justo nessa hora?
Tudo bem que é um momento de liberdade, hedonismo puro na veia, mas tem coisa que, sério, não orna.
Você, mulher, por exemplo, que acha que tá mandando benzão quando pede pro xuxu lascar a mão na sua bunda bem na hora do êxtase supremo – você está fazendo isso errado. Pois é, sinto muito, perdão por estragar a fórmula que você considerava perfeita, que usou por décadas e camas a fio.
Quem me confidenciou isso foi um amigo querido e sincerão, brother, gato, que infelizmente nunca me comeu, mas que tem minha confiança e admiração eternas. Segundo ele, não há nada mais corta tesão que uma moça solicitando um tapa enquanto ele está lá, dando o melhor de si, concentrado em te fazer feliz, te amando e admirando por trás.
É tipo vocês sentados em casa vendo um filme e ela te pede um copo d’água. Você até pega, mas pega puto. Com o tapa mesma coisa: eles detestam.
Já eu, eu detesto quando você grita feito um urso. Preste atenção no gráfico. Gemer: bom. Rugir: péssimo. E olha que sou fã de ruídos, respirações, suspiros e todos os outros indicativos de que tá bacana, continua, assim eu chego lá. Mas é que urro, porra, é quase cômico.
E por falar em comédia, tem quem curta um drama sexual também, que eu sei.
Mulher que chora quando goza, me parece, é algo mais comum, mas já vi muito homem deprimido e emocionado. Ah, me poupem. Na penumbra, o deus grego ali em cima de você, entrando e saindo, aquela formosura toda boa de ver, tô quase te fotografando aí pra lembrar depois, vamos lá juntinhos, que delícia, mas, pera, tá chovendo aqui? Tem goteira? Nãããão, é você CHORANDO!
Pode gozar, amor, só não chora. Nem desanda a falar um palavrão atrás do outro que nem filme pornô porque isso me broxa, seu desbocado.
E você, fofoleta, vê se também colabora e não fala fininho, como se estivesse tratando com seu cãozinho ou seu neném. Ou, pior, como se VOCÊ fosse uma criancinha indefesa. Urgh, sua pervertida. Vai se tratar, ó o analista te ligando.
Hoje é sexta, hoje tem, hoje é dia de foda, bebê. Abra suas asas solte suas feras. Se liberta, sim, mas tenta só não assustar o parceiro. Cê sabe, estamos em tempos de aplicativos, acho complicado arriscar uma hashtag comprometedora.
*Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, fatos ou acontecimentos terá sido mera coincidência

Nenhum comentário:

Postar um comentário